quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Arranha-céu da auto-crítica: uma neurose de excelência

Eu já disse aqui diversas vezes que não admiro as pessoas que teoricamente não entram em crise. No fundo eu tenho aquela plena convicção que felicidade em demasia é bem suspeito e que todo mundo tem suas dúvidas. Num singelo e-mail a Mirianzinha propôs mais um conceito a esta idéia: entrar em crise te torna mais humano.

Eu já reparei que as pessoas que eu mais admiro são pessoas que sofreram de alguma forma, viveram profundamente uma crise, refletiram e saíram com as marcas desta passagem. Não foram as pessoas que sempre estiveram com tudo certo ou as que fingem não sentir nada disto para manter o orgulho. Eu nunca admirei os perfeitos, que nunca erram. É claro que eles sempre me intrigaram, para saber se isto existe ou não. Até que eu cheguei na conclusão de que não existe, e por isto na primeira frase deste post existe um "teoricamente". Perfeição é uma mentira deslavada assim como o amor cara-metade. Idéias que a gente vai comprando da sociedade e da mídia e que só fazem deixar um amargo na garganta com som de 'não consegui'. E é por isto que os perfeccionistas sofrem tanto. É muito triste almejar algo impossível. É muito triste acreditar na boa e velha felicidade quimérica.

Eu nunca usei a palavra perfeccionismo para me definir. Aliás, eu sempre fui a aluna que estuda pra passar e não para tirar dez. E sempre tive uma mente muito agitada e agoniada. Eu sempre vivi um certo desespero para a maioria das coisas. E somente agora eu comecei a pensar que pra ser uma pessoa exigente consigo mesma você não precisa ser perfeccionista, você só precisa ter uma auto-critica grande o suficiente para saber se as coisas estão boas ou não; não necessariamente perfeitas.  Ou seja, dá para sofrer se cobrando mesmo sem querer ser perfeito.

E se você for como eu, um ser bem humano, quando as coisas não estiverem boas,  você pode entrar num surto bem histérico, deixar o seu cortisol lá nas alturas e ficar perdendo tempo refletindo sobre como se resolver sem se enforcar.

Tá, eu não admiro quem não tem crise, mas eu admiro muito quem tem mais paciência consigo mesmo do que eu. Longe de ser perfeita, eu quero ser boa e quero ser feliz.