sábado, 28 de abril de 2012

Das línguas, coração

A linguagem é uma coisa que nunca deixa de me impressionar. Você já reparou a quantidade de sentimento ou de história que recheia uma frase? Vc já pensou sobre quanto um simples olhar pode te dizer? Vc já percebeu no quão longe uma música ou uma dança podem te levar?

É muito engraçado que a vida tenha me levado a caminhos que são pura e simplesmente linguagem: eu trabalho com educação, o que já é a forma mais efetiva da língua. Eu trabalho com o corpo, que é uma linguagem subjetiva incrível. Eu trabalho com a arte, que é uma forma emocional da linguagem. Um forma linda.

Talvez se eu não fosse professora, eu virasse jornalista. E talvez se eu não desse aula de Pilates eu viveria só da dança. E eu sou a pessoa mais falante e comunicativa do mundo. Sou não, eu era. Pq o meu mundo aqui dentro tem mudado tanto, que eu nem sei dizer. Talvez por isso este blog ande tão abandonado. Talvez por isso os meus amigos tem sido reduzidos. E com certeza por isto a minha conta de telefone está cada vez mais barata. Eu comecei este post esperando falar só sobre a linguagem, mas talvez a minha misantropia não me permita. Mas independentemente de tanta "solidão", eu sinto a falta das pessoas, e foi por uma sensação como esta que eu refleti sobre o tema deste post mais uma vez.

Esta semana eu senti falta de um aluno na academia. Ele só faz aula comigo às sextas-feiras, mas eu sempre vejo ele correndo na esteira ou fazendo alguma outra coisa. Então quando a sexta chegou eu perguntei e enquanto perguntava percebi quantas coisas eu queria dizer com a frase: "Oi fulano, vc não veio correr nenhum dia esta semana?"
Para explicar melhor vou fragmentar a reflexão.

O primeiro ponto é que se eu perguntei aquilo, senti falta daquela pessoa, a ponto de procurar por ela na academia e notar que ela não estava, o que significa que ela é importante de alguma forma.
O segundo ponto, ela está fugindo de um padrão, pois pela forma que perguntei parece que a pessoa tem o hábito de correr e que não está fazendo o que costuma.
O terceiro é a noção do tempo, que mostra a probabilidade de termos feito aula na sexta e não termos nos encontrado mais até o presente momento.

Bem, o que eu quero dizer com isto é que por mais que sejamos práticos e específicos, todas as coisas que dizemos ou fazemos querem dizer, ou estão carregadas de, outras milhares de coisas. Até mesmo um "Olá!" pode ser interpretador de diferentes formas pq embutido no olhar pode haver um sorriso, pode haver uma resistência, pode haver um "vai tomar no **!).

E o mesmo que faz com que eu me apaixone e viva da linguagem é o que faz com que eu perca cada dia mais a vontade de estar com as pessoas. Pq as coisas são tão dúbias e difusas que fica difícil exprimir uma idéia, e eu não gosto do risco de ser mal-interpretada. Ainda mais depois de entender que a linguagem das lágrimas transcendem todas as coisas. Especialmente quanto vêm das mães.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Parede pra que te quero!

Eu hesitei um tempão até tomar coragem de fazer este post, pq eu não gosto de ser uma pessoa reclamona e nem baixo-astral. Eu não gosto de dividir problemas e sim reflexões. Mas desta vez, justamente por eu ainda não ter certeza de como irei resolver, eu quero mesmo é desabafar. Então mesmo sem querer eu vou tocar o foda-se e abrir meu coração pq este espaço é meu. Pelo menos este.

E já que falamos de espaço vou admitir: está me faltando parede.

Há muito tempo eu quero sair de casa. Há mt tempo eu sempre tenho uma razão para não realizar este sonho. Uma troca de emprego, um projeto mais importante, um medo do tamanho do universo e por aí vai. Desde sempre eu sei que não devo habitar o mesmo teto que a minha mãe e já falei sobre isso no blog algumas vezes. Mas td bem quando eu trabalho mt, pq só venho em casa para dormir e a minha mãe me ajuda muito com pequenos afazeres. Além disso se há pouca convivência, há pouco atrito.

E assim td caminhava bem. Ai eu comecei a aumentar a jornada de trabalho desumanamente, mas tive a grande sorte de encontrar uma carona que morava do ladinho da minha casa. O Alê me deu carona muito tempo para voltar para casa e depois passou a dar na ida tbém. Era perfeito. Eu ajudava ele na gasolina e ele tornava a minha rotina insana muito melhor. A gente conversava e apesar das divergência de opinião que sempre tivemos, passavamos por cima de tudo em pról do bem comum: ir e voltar do trabalho com companhia, de uma forma barata e boa. E foi assim por um ano. Até que a esposa dele começou a ter chiliques de ciúmes completamente infundados (eu já disse que odeio gente ciumenta? rs) e ele, como um esposo tonto e capacho, cedeu mesmo sem ter culpa e parou de me dar carona. Como Deus é mt bom comigo, isto aconteceu quando eu e o Mau já tinhamos comprado nosso carrinho e a partir daí o Mau começou a me levar e buscar, pois eu tonta que sou, não dirigia.

Novamente as coisas foram ótimas, mas o pequeno detalhe é que eu passei a morar na casa do Mau. Isto, é claro, foi aos poucos. No começo eu ficava três, quatro dias. Levava a roupa na mochila e trazia para casa. Mas era desconfortável voltar de ônibus e a minha mãe nunca queria que dormissêmos na minha casa. Então eu comecei a deixar coisas na casa do Mau e ele foi se adaptando à minha rotina e horários malucos. E mais uma vez, td estaria bem se eu não fosse a chata insuportável que sou.

Pois o fato é que o Mau cedeu a privacidade dele, o quarto, o armário, os horários. Ele cedeu tudo por mim. Ele não abriu só a casa, mas ele abriu a vida e a família dele pra mim. E eu adorei, mas... mas não é isso que eu quero pra mim! Não deste jeito.

Eu quero casar e amo o Mau de uma forma linda e indescritível, mas eu quero casar e ter a minha casa, fazer as coisas do meu jeito, cozinhar sem óleo e só ter frutas na geladeira. Eu quero uma casa prática e sem muitos mimos. Eu quero não ter toalha de mesa e nem tapetinhos no chão. Eu quero economizar no mercado para poder gastar em viagens. Eu quero mas ainda não dá. E não dá pq a casa da minha sogra é dela, e não minha. Ela é sim, um doce. Me aceitou como uma segunda mãe. Ela prepara minha comidinha para o dia seguinte e faz um baita esforço para mudar hábitos super arraigados, mas não é, e nem nunca será o MEU jeito.

E no final nunca dá para ir para a casa da minha mãe pq nós dois precisamos do carro e passamos a maior parte do tempo na casa da mãe do Mau.

E esta crise simplesmente explodiu pq eu ganhei um monte de presentes no meu aniver e eu simplesmente não sei onde deixá-los! Se deixo na minha casa tenho que percorrer São Paulo inteira para buscar. E se deixo no Mau simplesmente não dá para organizar do meu jeito. Pq? Pq eu preciso de espaço. Pq eu preciso trabalhar bastante e poder ter a MINHA casa. Só pra mim!

domingo, 1 de abril de 2012

Apagando Velinhas

Impressionante como as coisas mudam não? Há alguns anos atrás eu me sentia numa corrida contra o tempo para fazer, ter e aprender milhares de coisas antes que o tempo não me permitisse. Hoje eu acabei de fazer 25 anos e fico imaginando o quanto ainda há para ser feito.

É engraçado como nossa visão é limitada. Se enxergo só até o horizonte não significa que não existe mundo após ele. E isso vale pra vida, para o tempo e para os sonhos. Quando eu era mais nova não conseguia imaginar uma vida após os 25. Tudo deveria ser feito antes; os estudos completados, o emprego determinado, o marido escolhido, a casa comprada e os filhos encomendados.

Eu começo a pós-graduação neste ano, o que significa que os estudos ainda não foram, e provavelmente nunca serão, completados. O meu emprego finalmente me dá paz, mas ainda realizo mudanças todos os dias e o mês de Abril será uma das mais intensas. Talvez eu até tenha encontrado a pessoa certa da minha vida, mas infelizmente ainda está longe de ser marido, rs, justamente pq a casa meu bem, é muito, mas muito difícil ser comprada. E quanto aos filhos, eu já nem sei se os quero mesmo.

Comentei sobre esta visão pois não é só pra idade que ela acontece, os dias tbém são assim. Neste ano programei algumas confraternizações para colorir o meu aniversário e de tanto organizar eu tenho a sensação que o mundo acaba em um abismo hoje depois das 17h. Toda vez isto acontece comigo. Eu fico focada numa determinada situação (festa, prova, viagem) e após o evento eu já nem sei mais o que devo fazer! Existe uma ansiedade para chegar tão grande que envolve também o anseio de acabar. E é por isso que eu reflito tanto sobre o que realmente importa na vida, pois o processo deve ser vivido e amado, para que a vida não termine como um pacote de bolachas vazio em que eu olho e pergunto: E agora? E depois?

25 anos, sejam bem-vindos. Eu sou uma pessoa melhor com você! =)