quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Arranha-céu da auto-crítica: uma neurose de excelência

Eu já disse aqui diversas vezes que não admiro as pessoas que teoricamente não entram em crise. No fundo eu tenho aquela plena convicção que felicidade em demasia é bem suspeito e que todo mundo tem suas dúvidas. Num singelo e-mail a Mirianzinha propôs mais um conceito a esta idéia: entrar em crise te torna mais humano.

Eu já reparei que as pessoas que eu mais admiro são pessoas que sofreram de alguma forma, viveram profundamente uma crise, refletiram e saíram com as marcas desta passagem. Não foram as pessoas que sempre estiveram com tudo certo ou as que fingem não sentir nada disto para manter o orgulho. Eu nunca admirei os perfeitos, que nunca erram. É claro que eles sempre me intrigaram, para saber se isto existe ou não. Até que eu cheguei na conclusão de que não existe, e por isto na primeira frase deste post existe um "teoricamente". Perfeição é uma mentira deslavada assim como o amor cara-metade. Idéias que a gente vai comprando da sociedade e da mídia e que só fazem deixar um amargo na garganta com som de 'não consegui'. E é por isto que os perfeccionistas sofrem tanto. É muito triste almejar algo impossível. É muito triste acreditar na boa e velha felicidade quimérica.

Eu nunca usei a palavra perfeccionismo para me definir. Aliás, eu sempre fui a aluna que estuda pra passar e não para tirar dez. E sempre tive uma mente muito agitada e agoniada. Eu sempre vivi um certo desespero para a maioria das coisas. E somente agora eu comecei a pensar que pra ser uma pessoa exigente consigo mesma você não precisa ser perfeccionista, você só precisa ter uma auto-critica grande o suficiente para saber se as coisas estão boas ou não; não necessariamente perfeitas.  Ou seja, dá para sofrer se cobrando mesmo sem querer ser perfeito.

E se você for como eu, um ser bem humano, quando as coisas não estiverem boas,  você pode entrar num surto bem histérico, deixar o seu cortisol lá nas alturas e ficar perdendo tempo refletindo sobre como se resolver sem se enforcar.

Tá, eu não admiro quem não tem crise, mas eu admiro muito quem tem mais paciência consigo mesmo do que eu. Longe de ser perfeita, eu quero ser boa e quero ser feliz.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sprint da Vida

Eu sou uma pessoa muito nervosa. Eu tento constantemente melhorar. Mas eu juro que não consigo conviver com a lerdeza das pessoas.
Eu tenho impaciência, tenho ansiedade, tenho todas as pressas que podem existir dentro de alguém.
Talvez seja pq a minha vida é muito atribulada ou talvez seja pq eu sempre quero ver o fim das coisas, mas independente do porquê, eu sempre tenho problemas com isto, especialmente quando as pessoas não tem a mínima pressa ou eficiência.
Talvez o jeito certo de resolver este problema fosse me acalmar, mas como neste caso o jeito certo é o mais difícil. Então eu prefiro fazer do jeito estúpido que é não conviver com gente que anda a 1km/h.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O capitalismo contra a ordem natural das coisas

Sabe, eu sempre penso que nós temos facilidades específicas, mas que com algum esforço (as vezes pouco, as vezes muito) podemos fazer toda e qualquer coisa. Eu e o Mau até defendemos a teoria de que a única diferença entre um habilidoso para um não habilidoso (em qualquer área de atuação) é o intervalo de tempo em que os dois levarão para chegar num estagio realmente avançado, ou seja, se você é um excelente atleta, talvez você comece sua trajetória do nível 2, mas quando chegar no 9, que beira a perfeição, será igualmente difícil para todos, inclusive para aquele que começou do zero, ou seja, facilidade não vale nada e não passa de uma muleta para todas as nossas desculpas.

Por outro lado, eu vejo que há um grande prazer em iniciar uma atividade em que temos facilidade. Eu sempre gostei mais de dançar zouk do que salsa, aliás, eu sempre tive mais facilidade de dançar zouk do que salsa, pois o zouk tem muito mais a ver com a minha personalidade, pois é curvilíneo e explora o corpo, diferente da salsa que é mais métrica , controlada e ágil. Justamente por estas razões, sempre em que eu deveria optar por uma aula ou baile de ritmo especifico, o zouk ficava na frente e por consequência, me desenvolvi muito mais nele.

Assim, vemos um claro exemplo do quanto o fator facilidade não alterou diretamente a minha performance na atividade escolhida, mas contribuiu substancialmente para que ela obtivesse um melhor desenvolvimento.

O que quero dizer com isso não é se devemos dançar mais salsa ou zouk, mas quero transportar esta modo de viver para nossas vidas, mas o capitalismo não me permite!

Eu vejo o quanto cada profissão tem o seu valor e vejo que muitas vezes temos habilidades bastante especificas para desempenhar alguns papéis, mas nem toda profissão é considerada essencial, nem difícil e poucas recebem boa remuneração. Infelizmente alguns trabalhos são considerados intelectuais e outros não, mas EU, Cinthia, vejo a complexidade até nas áreas mais comuns.

Uma faxineira faz um trabalho difícil fisicamente, mas além disso ela precisa ser uma pessoa um pouco perfeccionista, pois trabalha com detalhes. Ela precisa ser bem observadora e de pensamento rápido, pois do contrário demoraria séculos para fazer uma boa limpeza. Mas o que vemos por aí? Uma categoria subdesenvolvida, em que as pessoas entram simplesmente por não terem instrução, e especialmente pela sociedade não gostar de realizar a atividade, delegando portanto para um terceiro, que se especializa nisto.

Já um engenheiro realiza um trabalho fácil fisicamente, mas pouco mais intelectual. Ele também deve ser minucioso e detalhista, mas nem sempre precisa ser ágil. Mas só porque o conhecimento dele está mais relacionado com as suas faculdades mentais ele recebe trilhões de vezes a mais do que a faxineira e esta profissão é premiada com um ataques elevadíssimo.

Seria o engenheiro mais inteligente do que a faxineira? Seria impossível que a faxineira conseguisse se tornar uma engenheira, mesmo sem facilidade? Seria possível o engenheiro conseguir realizar uma boa limpeza (rápida e eficaz) em sua própria casa? Qual dos dois seria realmente mais difícil e qual das profissões é realmente mais importante?

Com todos estes pensamentos eu simplesmente reforço a idéia de que somos todos iguais, mesmo que você se sinta melhor. Que todas as profissões deveriam ser escolhidas com base nos critérios das habilidades naturais e também nas VONTADES naturais. Que a remuneração avantajada para áreas especificas faz o conceito do que é melhor para você mudar tão completamente que é comum vermos as crises de meia idade serem despertadas em pessoas que já garantiram o seu patrimônio, mas ainda não descobriram nem para o que tem mais habilidade e nem o que gostariam de ser.

É... É o capitalismo plantando suas enfermidades e enchendo a nossa vida de duvidas e fantasmas.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Das escolhas que não sei fazer

Talvez hoje seja novamente o momento de pensar o que ando procurando. A vida vez ou outra nos oferta possibilidades e nem sempre eu sei o quanto elas pertencem a mim. Na situação atual eu já me achei sortuda, já me achei vítima, já me achei vilã e agora eu nem sei mais quem eu sou e nem quem eu quero ser.

Será egoísmo quere realizar os sonhos? Será interesse querer resolver os problemas? Será que o meu sentimento está contaminado com o que pode vir adiante? E se o adiante for diferente demais do esperado, saberei suportar? Será que verdadeiro é uma coisa só?

Eu achei que tinha encontrado todas as respostas e como sempre, vem a vida e muda todas as perguntas. E achei também que com a minha doutrina do meio termo eu conseguiria evitar escolhas e  especialmente renuncias, mas pelo visto eu só conseguirei enganar o tempo e cozinhar o futuro em banho-maria.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Culpa, o meu ato incontrolável

Eu não sei se sempre fui assim e acredito que uma lidinha no blog até possa esclarecer certas coisas, mas o fato é que eu preciso desabafar sobre o meu novo-velho fantasma; eu mesma.

Pq eu me sinto me assombrando, me fiscalizando , exigindo metas, cobrando de mim tarefas e resultados. Talvez eu tenha tido tantas experiências de cobrança que isto tenha se tornado normal ou talvez a vontade de ser melhor tenha se aprofundado tanto que isto aumentou Inexorávelmente.

Mas o ponto é que depois de me acostumar com isto eu faço sozinha o papel de mocinha e bandida. Eu relaxo, não produzo, me cobro, sofro, começo a produzir, alcanço resultados mínimos, me canso e recomeço o ciclo. Mas o ciclo nunca é completo pq e não sou capaz de respeitar as fases, ou seja, relaxo na hora de produzir, sofro na hora de relaxar, cobro pq os resultados não são os que e esperava e me confundo e distraio diante de todo este processo. E quando vc nunca relaxa e nunca está satisfeito com o que faz, acredite, você muito provavelmente entrará em parafuso.

Eu tenho sempre a impressão de que deveria fazer algo mais útil. Se estou no computador, deveria estar lendo um livro, e se estou lendo filosofia deveria ler biomecanica, ginástica laboral ou Pilates, se tenho tempo para ler gostaria de estar trabalhando e ganhando dindin, e se trabalho desumanamente, me culpo por não ter tempo para me aperfeiçoar. Se fico conversando com minhas amigas do trabalho, deveria estar concentrada em me tornar uma pessoa mais inteligente e se fico bitolada lendo e me isolando do mundo, deveria exercitar o meu ciclo social.

Eu sei que já falei isto muitas vezes aqui, mas é muito difícil ser uma pessoa completa. É muito difícil conciliar todos os âmbitos de nossas vidas e não deixar lacunas. É muito, mas muito difícil se tornar a pessoa que se quer ser.

Mas o que eu queria hoje era só não sentir a culpa absurda que sinto por dormir até mais tarde, ficar na internet ou fazer qq uma das coisas que gosto, pq eu sei que no fundo nós viemos aqui para ser felizes e não para ser um exemplo para ninguém.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Depauperando a vida - Reflexões sobre o tempo

Há pesos que só o amor pode suportar, há caminhos que só a experiência esclarece, e há dúvidas que só o tempo resolve. 

A minha família passa pelo delicado momento da perda com uma maturidade e força que eu não era capaz de imaginar. Cada burocracia resolvida, cada lágrima seca, cada etapa ultrapassada torna o o tortuoso caminho mais suave e menos dolorido. As saudades e as lembranças (palavras mais utilizadas nas duas últimas semanas) ficarão sempre, mas a lição que eu tiro disto tudo é a consciência sobre o tempo, o único capaz de sanar todas as coisas, de curar todas as feridas, de resolver todos os problemas. 

Vez ou outra sou questionada a respeito da minha lentidão para a tomada de certas decisões, mas só consigo enxergar a reflexão como saída para as questões mais intrincadas de nossas vidas. E se para tomar as melhores decisões eu preciso de reflexão, para refletir eu só preciso de tempo. 

Talvez eu perca algumas boas oportunidades ao longo do meu caminho por não ser imediata e um pouco indecisa. Mas será que no momento em que nossos tempo se esgota, estas oportunidades serão mais valiosas do que o tempo supostamente disperdiçado? 

Tempo, me ajude a priorizar o indispensável, me ajude a compreender todas as confusões. Me ajude se estendendo, para não faltarem oportunidades para aprender.

domingo, 17 de junho de 2012

Erudito não, inteligente!

O que é inteligência para você?

Esta pergunta veio pairar sob meu céu recentemente, quando tentei definir os atributos necessários para uma boa convivência comigo, surgiu esta palavrinha capciosa; inteligência.

Por que cada um tem necessidade de uma coisa: a maioria gosta de status, mas muitos gostam de dinheiro, outros de humor ou beleza. Pra mim tudo isto é excelente, mas eu valorizo mesmo é um raciocínio apurado, conversas lógicas e esclarecidas e especialmente mentes abertas.

Digo isto pq parece simples ter uma conversa com sentido, mas eu afirmo com total convicção: não galera, não é. Por que você pergunta se o quadro é verde e a pessoa responde que verde é uma das cores o arco-íris. Tudo bem, o verde está lá, envolvido de alguma forma, mas eu ainda continuo sem saber qual é a cor do quadro.

Para você, querido leitor, pode ser simplesmente uma mudança no rumo da conversa, mas para mim tem mais a ver com a falta de capacidade de dar sentido as coisas; característica que a maioria das pessoas tem.

Mas isto não pode ser definido simplesmente como inteligência, pois há uma gama muito grande de vertentes neste quesito. Um grande esportista, que faz movimentos incríveis, tem uma inteligência motora extremamente apurada. Um manipulador de massas, com grande capacidade de convencer a galera tem uma inteligência interpessoal de dar inveja e por aí podemos elencar os outros diversos tipos (lembro que na faculdade eram classificados como 7 - linguística, lógica, motora, musical, interpessoal, intrapessoal e espacial).

Mas como eu perguntei lá em cima, não quero saber o que é inteligência de modo geral, eu quero saber o que é inteligência para você. E obviamente esclarecer aqui o que ela é para mim.

Inteligência para Cinthia: 

Serenidade - Inteligente é aquele que usa sua sagacidade emocional para resolver seus problemas de dentro para fora.

Dialética - Inteligente é aquele que sabe conversar, ouvir e especialmente organizar idéias de maneira lógica.

Versatilidade de conhecimentos em áreas distintas - Inteligente é aquele que sabe um pouco de tudo, que se mantém informado e principalmente aquele que é curioso.

Mas verdadeiramente inteligente é aquele que faz algo útil com a sua inteligência, não só como ganhar dinheiro, inventar novos métodos, ser um sabichão, eremita ou até mesmo ensinar alguma coisa. Inteligente de verdade é aquele que usa sua inteligência como ferramenta para o que realmente importa: ser feliz.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Red Vision

Sempre que estou em crise, gosto de escrever no blog. Sempre que grandes mudanças estão para acontecer ou estão acontecendo dentro de mim também escrevo. Hoje, eu quero escrever, mas está tudo tão bagunçado que é até difícil elencar o que há de prioridade. Mas acredito que para iniciar este diálogo filosófico dentro de mim é mais do que necessário admitir o maior dos problemas: a ira.

Eu já comentei aqui no blog algumas vezes o quanto sou uma pessoa sem paciência. Eu também já comentei o quanto me esforço para melhorar e o quanto vejo muitos frutos deste esforço. Mas o que talvez eu nunca tenho comentado é como eu sinto esta raiva: o meu estado de absoluto vermelho.

É engraçado como cada pessoa tem um limite para determinada sensação. É engraçado como o que incomoda você pode ser absolutamente confortável para mim. E mais variável ainda é como respondemos a este estímulo.

Talvez a origem da minha impaciência seja a minha exigência exagerada. Eu não sou perfeccionista, mas sou bastante eficiente. E quero que todos sejam. E não quero esperar e não tolero alguns erros. E ser paciente tem a ver com aceitar esta diferença temporal das coisas e das pessoas. Mais do que isto talvez, tem a ver com respeitar a escolha do outro, a visão do outro, a atitude do outro, que pode ser completamente diferente da sua. Ser paciente não só tem a ver com compreensão, como está intimamente relacionado ao auto-controle que eu prezo tanto.

E pra mim é muito triste falhar em algo que eu valorizo. E desta forma, eu me proponho a tentar novamente, a me acalmar a cada nova combustão que acontece dentro de mim.

Este feriado foi uma porcaria, mas serviu para que eu compreendesse inúmeras coisas, especialmente que a minha individualidade precisa ser respeitada e a minha paciência cultivada. Principalmente para não enxergar tudo vermelho =)

sábado, 28 de abril de 2012

Das línguas, coração

A linguagem é uma coisa que nunca deixa de me impressionar. Você já reparou a quantidade de sentimento ou de história que recheia uma frase? Vc já pensou sobre quanto um simples olhar pode te dizer? Vc já percebeu no quão longe uma música ou uma dança podem te levar?

É muito engraçado que a vida tenha me levado a caminhos que são pura e simplesmente linguagem: eu trabalho com educação, o que já é a forma mais efetiva da língua. Eu trabalho com o corpo, que é uma linguagem subjetiva incrível. Eu trabalho com a arte, que é uma forma emocional da linguagem. Um forma linda.

Talvez se eu não fosse professora, eu virasse jornalista. E talvez se eu não desse aula de Pilates eu viveria só da dança. E eu sou a pessoa mais falante e comunicativa do mundo. Sou não, eu era. Pq o meu mundo aqui dentro tem mudado tanto, que eu nem sei dizer. Talvez por isso este blog ande tão abandonado. Talvez por isso os meus amigos tem sido reduzidos. E com certeza por isto a minha conta de telefone está cada vez mais barata. Eu comecei este post esperando falar só sobre a linguagem, mas talvez a minha misantropia não me permita. Mas independentemente de tanta "solidão", eu sinto a falta das pessoas, e foi por uma sensação como esta que eu refleti sobre o tema deste post mais uma vez.

Esta semana eu senti falta de um aluno na academia. Ele só faz aula comigo às sextas-feiras, mas eu sempre vejo ele correndo na esteira ou fazendo alguma outra coisa. Então quando a sexta chegou eu perguntei e enquanto perguntava percebi quantas coisas eu queria dizer com a frase: "Oi fulano, vc não veio correr nenhum dia esta semana?"
Para explicar melhor vou fragmentar a reflexão.

O primeiro ponto é que se eu perguntei aquilo, senti falta daquela pessoa, a ponto de procurar por ela na academia e notar que ela não estava, o que significa que ela é importante de alguma forma.
O segundo ponto, ela está fugindo de um padrão, pois pela forma que perguntei parece que a pessoa tem o hábito de correr e que não está fazendo o que costuma.
O terceiro é a noção do tempo, que mostra a probabilidade de termos feito aula na sexta e não termos nos encontrado mais até o presente momento.

Bem, o que eu quero dizer com isto é que por mais que sejamos práticos e específicos, todas as coisas que dizemos ou fazemos querem dizer, ou estão carregadas de, outras milhares de coisas. Até mesmo um "Olá!" pode ser interpretador de diferentes formas pq embutido no olhar pode haver um sorriso, pode haver uma resistência, pode haver um "vai tomar no **!).

E o mesmo que faz com que eu me apaixone e viva da linguagem é o que faz com que eu perca cada dia mais a vontade de estar com as pessoas. Pq as coisas são tão dúbias e difusas que fica difícil exprimir uma idéia, e eu não gosto do risco de ser mal-interpretada. Ainda mais depois de entender que a linguagem das lágrimas transcendem todas as coisas. Especialmente quanto vêm das mães.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Parede pra que te quero!

Eu hesitei um tempão até tomar coragem de fazer este post, pq eu não gosto de ser uma pessoa reclamona e nem baixo-astral. Eu não gosto de dividir problemas e sim reflexões. Mas desta vez, justamente por eu ainda não ter certeza de como irei resolver, eu quero mesmo é desabafar. Então mesmo sem querer eu vou tocar o foda-se e abrir meu coração pq este espaço é meu. Pelo menos este.

E já que falamos de espaço vou admitir: está me faltando parede.

Há muito tempo eu quero sair de casa. Há mt tempo eu sempre tenho uma razão para não realizar este sonho. Uma troca de emprego, um projeto mais importante, um medo do tamanho do universo e por aí vai. Desde sempre eu sei que não devo habitar o mesmo teto que a minha mãe e já falei sobre isso no blog algumas vezes. Mas td bem quando eu trabalho mt, pq só venho em casa para dormir e a minha mãe me ajuda muito com pequenos afazeres. Além disso se há pouca convivência, há pouco atrito.

E assim td caminhava bem. Ai eu comecei a aumentar a jornada de trabalho desumanamente, mas tive a grande sorte de encontrar uma carona que morava do ladinho da minha casa. O Alê me deu carona muito tempo para voltar para casa e depois passou a dar na ida tbém. Era perfeito. Eu ajudava ele na gasolina e ele tornava a minha rotina insana muito melhor. A gente conversava e apesar das divergência de opinião que sempre tivemos, passavamos por cima de tudo em pról do bem comum: ir e voltar do trabalho com companhia, de uma forma barata e boa. E foi assim por um ano. Até que a esposa dele começou a ter chiliques de ciúmes completamente infundados (eu já disse que odeio gente ciumenta? rs) e ele, como um esposo tonto e capacho, cedeu mesmo sem ter culpa e parou de me dar carona. Como Deus é mt bom comigo, isto aconteceu quando eu e o Mau já tinhamos comprado nosso carrinho e a partir daí o Mau começou a me levar e buscar, pois eu tonta que sou, não dirigia.

Novamente as coisas foram ótimas, mas o pequeno detalhe é que eu passei a morar na casa do Mau. Isto, é claro, foi aos poucos. No começo eu ficava três, quatro dias. Levava a roupa na mochila e trazia para casa. Mas era desconfortável voltar de ônibus e a minha mãe nunca queria que dormissêmos na minha casa. Então eu comecei a deixar coisas na casa do Mau e ele foi se adaptando à minha rotina e horários malucos. E mais uma vez, td estaria bem se eu não fosse a chata insuportável que sou.

Pois o fato é que o Mau cedeu a privacidade dele, o quarto, o armário, os horários. Ele cedeu tudo por mim. Ele não abriu só a casa, mas ele abriu a vida e a família dele pra mim. E eu adorei, mas... mas não é isso que eu quero pra mim! Não deste jeito.

Eu quero casar e amo o Mau de uma forma linda e indescritível, mas eu quero casar e ter a minha casa, fazer as coisas do meu jeito, cozinhar sem óleo e só ter frutas na geladeira. Eu quero uma casa prática e sem muitos mimos. Eu quero não ter toalha de mesa e nem tapetinhos no chão. Eu quero economizar no mercado para poder gastar em viagens. Eu quero mas ainda não dá. E não dá pq a casa da minha sogra é dela, e não minha. Ela é sim, um doce. Me aceitou como uma segunda mãe. Ela prepara minha comidinha para o dia seguinte e faz um baita esforço para mudar hábitos super arraigados, mas não é, e nem nunca será o MEU jeito.

E no final nunca dá para ir para a casa da minha mãe pq nós dois precisamos do carro e passamos a maior parte do tempo na casa da mãe do Mau.

E esta crise simplesmente explodiu pq eu ganhei um monte de presentes no meu aniver e eu simplesmente não sei onde deixá-los! Se deixo na minha casa tenho que percorrer São Paulo inteira para buscar. E se deixo no Mau simplesmente não dá para organizar do meu jeito. Pq? Pq eu preciso de espaço. Pq eu preciso trabalhar bastante e poder ter a MINHA casa. Só pra mim!

domingo, 1 de abril de 2012

Apagando Velinhas

Impressionante como as coisas mudam não? Há alguns anos atrás eu me sentia numa corrida contra o tempo para fazer, ter e aprender milhares de coisas antes que o tempo não me permitisse. Hoje eu acabei de fazer 25 anos e fico imaginando o quanto ainda há para ser feito.

É engraçado como nossa visão é limitada. Se enxergo só até o horizonte não significa que não existe mundo após ele. E isso vale pra vida, para o tempo e para os sonhos. Quando eu era mais nova não conseguia imaginar uma vida após os 25. Tudo deveria ser feito antes; os estudos completados, o emprego determinado, o marido escolhido, a casa comprada e os filhos encomendados.

Eu começo a pós-graduação neste ano, o que significa que os estudos ainda não foram, e provavelmente nunca serão, completados. O meu emprego finalmente me dá paz, mas ainda realizo mudanças todos os dias e o mês de Abril será uma das mais intensas. Talvez eu até tenha encontrado a pessoa certa da minha vida, mas infelizmente ainda está longe de ser marido, rs, justamente pq a casa meu bem, é muito, mas muito difícil ser comprada. E quanto aos filhos, eu já nem sei se os quero mesmo.

Comentei sobre esta visão pois não é só pra idade que ela acontece, os dias tbém são assim. Neste ano programei algumas confraternizações para colorir o meu aniversário e de tanto organizar eu tenho a sensação que o mundo acaba em um abismo hoje depois das 17h. Toda vez isto acontece comigo. Eu fico focada numa determinada situação (festa, prova, viagem) e após o evento eu já nem sei mais o que devo fazer! Existe uma ansiedade para chegar tão grande que envolve também o anseio de acabar. E é por isso que eu reflito tanto sobre o que realmente importa na vida, pois o processo deve ser vivido e amado, para que a vida não termine como um pacote de bolachas vazio em que eu olho e pergunto: E agora? E depois?

25 anos, sejam bem-vindos. Eu sou uma pessoa melhor com você! =)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Dos Traumas Arraigados

Todo mundo tem traumas, e eu não seria diferente. Pode ser que você não lembre dos seus, pode ser que eles tenham até te tornado uma pessoa melhor, mas traumas são simplesmente as marcas que a vida deixou e que acabaram por formar quem você verdadeiramente é.

Eu tenho vários, mas existe um que fica em evidência quando é feriado: A Síndrome da Utilidade.

Pq eu adoro não fazer nada, e adoro dormir, e adoro ficar no Facebook ou jogar baralho. Eu adoro leituras idiotas e adoro, em suma, coisas inúteis. Mas eu sinto uma culpa imensa por isso. Toda vez que faço algo teóricamente inútil meu coração pesa que eu não deveria, que deveria estudar, correr, ver alguma aula nova, etc. O mais engraçado é como eu sopeso o que é útil ou inútil. Exemplo: Não tenho nada para fazer, mas vou procurar na internet dados a respeito de algum lugar para viajar - ok, útil! Não tenho nada para fazer, mas vou assistir Tv - Inútil!!! Enfim, critérios altamente duvidosos, rs.

E a culpa é tão grande que eu chego a sofrer. Pq tentar controlar até os momentos de lazer não parece ser uma coisa muito boa...

Mas, sem querer colocar lenha na fogueira, eu sei que a minha mãe fomentou este meu tipo de atitude desde criança. E talvez só o que ela queria era que eu não fosse um zero à esquerda, mas no fim, a cobrança permanece mesmo quando ela não está por perto.

Portanto, choramingos à parte, vou tentar me divertir neste feriadão. Mas uma corridinha tbém cai bem, só para não bater a culpa pelo hamburguer de ontem...rs

domingo, 22 de janeiro de 2012

Resultado Parcial: Meia Boca



E em entre ser genérica ou específica eu acabei sendo morna. E entre 0 e 1, meio. E dentre todos os sonhos, acabei sendo rasa. E eu nem sei o que gostaria de mudar. Só sinto que algo falta em mim.

O mais estranho é saber que temos o mundo, assim,
na palma da mão.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Meu Calhambeque Bi-Bi

Hj eu estive refletindo sobre o rumo de 2012 e ainda digerindo tudo o que aconteceu no ano passado, quando me dei conta de que falei muito pouco sobre uma das minhas grandes conquistas; o meu carrinho.

Pode ser que eu seja lida somente por uma elite que não precisou suar muito a camisa para ter este gostinho, mas pobre que sou, acho que meus amigos que lêem esta groselhas também suaram, suam ou talvez ainda suarão as próprias camisas por este objetivo.

Sabe, ter um carro parece muito fácil. Meus vizinhos funkeiros tem e eu sei que eles não trabalham muito, já que sempre estão lá no meio da rua. Alguns amigos bem tapados também tem. E mesmo quando eu ando de metrô ouço conversas de usuários do transporte coletivo a respeito dos carros que têm na garagem mas que não usam durante a semana pq não compensa.

Mas como eu disse, só parece. Ter um carro é ter uma centena de dores de cabeça. Óleo, água, bombas, escapamentos e mais uma porção de nomes que eu não conheço e que não tenho a menor de idéia de como funcionam. E saber ou não a respeito disto tudo não faz doer a cabeça, o que faz doer é o quanto tudo isto custa. Fora a gasolina, o IPVA, o seguro e todo o resto. Isto pq eu nem citei o problema de dirigir, mas como eu ainda não sou perita neste campo e esta também é uma das conquistas para 2012, vou deixar este tema para outro post.

Mas eu comecei este post muito feliz, pq apesar de todas as contas, ter um carro mudou a minha vida. E não é só pq eu não pego mais ônibus lotado de manhã todos os dias (se bem que só isso já teria sido o suficiente). É pq ter um carro concretizou um monte de desejos meus. Me deu liberdade. Mudou alguns dos meus valores. Me fez pensar no próximo de uma maneira diferente. Me fez ajudar as pessoas. Me possibilitou muitos momentos de diversão. Tirou o pesar que eu sempre senti de morar longe e ter que pedir carona. Me fez dizer milhares de "Sim's". E, especialmente, me aproximou da melhor pessoa que eu conheço: o Mau.

A gente passa infinitamente mais tempo juntos do que passava antes. Se eu esperava a semana inteira, hj eu chego até enjoar de tanto vê-lo. E nós entendemos em parte o que significa conta-conjunta, pq a cor do dindin tbém muda a cor dos nossos sorrisos de vez em quando.

A joaninha é nossa filha e hj quando ela voltou do banho eu me peguei pensando no quanto eu me esforço para ter o que sonho. Eu vejo o quanto esta conquista foi importante, e rezo todos os dias para que Deus nunca me prive deste conforto. É só um degrau, mas que eu não quero ter que retroceder =)