Eu já disse aqui diversas vezes que não admiro as pessoas que
teoricamente não entram em crise. No fundo eu tenho aquela plena
convicção que felicidade em demasia é bem suspeito e que todo mundo tem
suas dúvidas. Num singelo e-mail a Mirianzinha propôs mais um conceito a
esta idéia: entrar em crise te torna mais humano.
Eu já reparei que as pessoas que eu mais admiro são pessoas que sofreram
de alguma forma, viveram profundamente uma crise, refletiram e saíram
com as marcas desta passagem. Não foram as pessoas que sempre estiveram
com tudo certo ou as que fingem não sentir nada disto para manter o
orgulho. Eu nunca admirei os perfeitos, que nunca erram. É claro que
eles sempre me intrigaram, para saber se isto existe ou não. Até que eu
cheguei na conclusão de que não existe, e por isto na primeira frase
deste post existe um "teoricamente". Perfeição é uma mentira deslavada
assim como o amor cara-metade. Idéias que a gente vai comprando da
sociedade e da mídia e que só fazem deixar um amargo na garganta com som
de 'não consegui'. E é por isto que os perfeccionistas sofrem tanto. É
muito triste almejar algo impossível. É muito triste acreditar na boa e
velha felicidade quimérica.
Eu nunca usei a palavra perfeccionismo para me definir. Aliás, eu sempre
fui a aluna que estuda pra passar e não para tirar dez. E sempre tive
uma mente muito agitada e agoniada. Eu sempre vivi um certo desespero
para a maioria das coisas. E somente agora eu comecei a pensar que pra
ser uma pessoa exigente consigo mesma você não precisa ser
perfeccionista, você só precisa ter uma auto-critica grande o suficiente
para saber se as coisas estão boas ou não; não necessariamente
perfeitas. Ou seja, dá para sofrer se cobrando mesmo sem querer ser
perfeito.
E se você for como eu, um ser bem humano, quando as coisas não estiverem
boas, você pode entrar num surto bem histérico, deixar o seu cortisol
lá nas alturas e ficar perdendo tempo refletindo sobre como se resolver
sem se enforcar.