domingo, 22 de junho de 2014

Das prioridades educacionais

Pra mim é realmente impressionante o quanto aprendemos coisas inúteis na escola. E eu não estou falando da hora do intervalo.

Quero falar sobre isto pq acredito que muito do que nos tornamos quando adultos vem da escola, já que passamos cerca de 6 horas por dia nela, dos 4 (ou antes) aos 18 anos (façam as contas por mim, por favor 😉).

Quando matricula-se um pimpolho na escola, o que acredito que a maioria dos pais imagina é que eles estarão aprendendo na escola coisas importantes que não conseguiríamos ensinar em casa. Os pais não sabem muito sobre geografia ou história. Não sabem trigonometria. Não sabem biologia, química e física. Alguns pais especialistas sabem, mas teriam eles todo o tempo necessário para se dedicar a ensinar estas disciplinas aos filhos? Com todo este nosso capitalismo desenfreado sondando as janelas e as contas bancárias? Acho que não né? Enfim, temos as escolas. Pra onde podemos despachar as crianças para termos tempo livre, para que elas se socializem com outras crianças e para que aprendam coisas úteis para formá-las bons adultos. Oi? Formar bons adultos? 😁

Eu não sei qual era a intenção de quem criou a grade curricular escolar brasileira, e apesar de eu ser uma especialista no assunto (sou graduada em Licenciatura Plena e estudo até hoje muitas teorias educacionais) eu realmente não sei se este conhecimento passou pelas minhas mãos. De qualquer forma, quem criou isto não devia estar muito bom das idéias. Pq para mim, caro leitor, se queremos formar bons adultos, deveríamos focar no que fazem os bons adultos e especialmente no que é importante para um adulto. E me corrijam se eu estiver errada, mas não vejo a maior parte dos meus amigos usando a Fórmula de Báskara para resolver a vida. E nem aproveitando os detalhes dos 100 Anos para esplanar alguma situação.

Não que as temáticas supracitadas não tenham importância! Claro que tem, mas será que uma criança na quinta série já sabe construir alguma ideia com esta informação? Qual será, de fato, a contribuição deste aprendizado para este fedelho, no momento e ao longo dos anos?

Bom, eu sinceramente acho que antes de aprender tão profundamente matemática, biologia ou química, deveríamos aprender como cuidar de nós mesmos e sermos menos dependentes. Acho que todos deveríamos saber cozinhar o básico. Todos deveríamos saber lavar, passar e limpar. Já vi amigos entrarem em parafuso quando a empregada pede demissão. Simplesmente pq não sabem ferver uma água! Além disso todos nós também deveríamos ter noções elétricas suficientes para trocar uma lâmpada ou um chuveiro sem precisar morrer de medo ou sermos obrigados a ligar para uma empresa de maridos de aluguel. E se quiséssemos usar estes serviço, seria por puro conforto e não por impossibilidade e incapacidade de fazer sozinho. 

Aos 16 anos no Brasil lhe é concedido o direito ao voto, e aos 18 ele se torna obrigatório. E quando é que você aprende algo sobre política? Talvez minimamente nas aulas de História. Mas alguém lhe ensinou a refletir sobre o que você espera de si, da sociedade ou da humanidade? Alguém lhe ensinou que o seu voto está repleto de opinião e que ele reflete muito do que você pensa e do que você espera do futuro e de sua comunidade? Você teve alguma matéria como filosofia, que além de te contar as principais escolas filosóficas, te incentivasse a refletir, a pensar e a buscar as suas próprias respostas? Desconfio que não. 

E finalmente, um dos setores mais esquecidos, o meu. Todos nós deveríamos saber como nosso corpo funciona. O que podemos fazer para estimular ele a ser saudável. O que podemos colocar dentro dele sem destruir pouco a pouco o que temos de bom. Enfim, todos nós precisamos de conhecimentos básicos de nutrição e de educação física. Pq pagar um personal ou um nutri deveria ser um complemento para o que sabemos, e não a única saída da ignorância dos maus hábitos que temos desde sempre.

Eu falaria mais sobre o tema, mas acho importante citar ao leitor que nem tudo precisa ser como é, e exemplificar que em alguns lugares já é diferente.

*No Japão há aulas de conhecimentos domésticos no primário. E também educação ambiental.

*A Escola da Ponte, em Portugal, usa o conceito Dimensões para trabalhar conjuntos de disciplinas e saberes, pois não vê as coisas isoladamente. Além disso propõem que o aluno construa o seu próprio conhecimento e descubra no que tem interesse e aptidão. E um dos pilares dos seus ensinamentos construtivistas é Autonomia.

*Em algumas poucas escolas no Brasil há o conceito de Cinesiologia Humana na Educação Física Escolar, onde o aluno aprende não só a praticar esporte, mas conhecer as capacidades e habilidades que o seu corpo tem e pode desenvolver, bem como a ciência que envolve a qualidade de vida.

Enfim, o currículo escolar forma as pessoas, de alguma forma, e se não gostamos dos adultos que estão sendo formados, talvez seja importante olhar que tipo de educação é oferecida para nossas crianças. Eu Cinthia, iria propor coisas bem diferentes como prioridade. Especialmente para formar gente mais inteligente emocional e psicologicamente.