terça-feira, 8 de janeiro de 2019

2018 - Aqui jaz uma velha Cinthia

E 2018 finalmente teve fim!

Caraca, sei que eu sempre faço a retrospectiva do ano priorizando o que houve de bom, as grandes lições, as evoluções sociais e pessoais. E neste ano não será diferente, mas que o ano foi pesado, ah isto foi.

Eu já comecei 2018 meio atrapalhada nas idéias. Investi tempo e dinheiro em pról de voltar para o meu lar doce lar durante boa parte de 2017 e na virada do ano eu já estava aqui, na minha janela favorita, com tudo no lugar e feliz por saber que com esta paz no coração eu poderia finalmente olhar para outros aspectos da vida e permitir que o meu trajeto continuasse.

O que eu não esperava é que já teria tropeço logo cedo. Atipicamente eu decidi, em cima da hora, desmarcar a comemoração do meu aniversário. Quem me conhece sabe o quanto eu priorizo este momento e o quanto eu adoro fazer aniversário. Mas eu percebi naquela época já que as amizades estavam diferentes, que o meu interior não estava em paz, que não era aquilo que eu queria e com muita coragem eu desmarquei tudo, mesmo já tendo até enviado o convite.

Depois disto eu me dediquei quase que completamente ao campeonato do Ícaro. Foram muitos treinos, muita disciplina, muito investimento e muita água. Eu realmente posso dizer que este foi ano molhado! rs E assim caminhei até a metade do ano. Sem propósito pessoal, sem saber direito o que estava se passando dentro de mim e com uma tristeza crescente dentro do peito. Uma tristeza que eu insisti em não olhar.

O campeonato veio, foram muitas alegrias, muito orgulho, muitas emoções. E apesar de ter sido muito engrandecedor estar em uma competição deste nível como treinadora, representando nosso país em um lugar completamente diferente e vendo uma das pessoas que eu mais amo no mundo realizar um grande sonho, ainda assim eu senti um vazio me engolir. Um vazio frio, escuro e completamente estranho.

Foram meses muito difíceis, em que eu tive pouca vontade de ver ou falar com pessoas. Meses onde meus hábitos, meus sonhos, meus desejos foram todos sugados e jogados pelo ralo. A depressão é faceira, e eu, tão colorida e positiva, jamais achei que pudesse sucumbir à algo assim. Por sorte também foram meses onde eu aproveitei o silêncio para ler, para me ouvir e para respirar, descobrindo assim que estas são as ferramentas mais essenciais para que eu (re)encontre a minha paz.

Não posso esquecer que as Eleições Presidenciais tiveram grande contribuição para este meu cenário pessoal. Foram grandes decepções, mas também grandes descobertas. Sobre este assunto, eu vou apenas deixar uma frase que reflete bem quem sou: "Eu não quero acreditar. Eu quero saber"

Neste tempo eu perdi amigos, mas não posso reclamar do apoio que tive dos que permaneceram. Pela primeira vez eu pude testar e ter certeza que uma rede de apoio é o melhor que podemos ter na vida. Regar nossas amizades, cuidar de quem amamos e semear coisas boas, são coisas que eu sempre fiz de graça, pelas minhas próprias convicções do mundo, e que eu nem imaginava que precisaria tanto deste retorno. 

Eu também tive ajuda profissional, e a terapia certamente foi decisiva para encarar com mais seriedade o que eu vinha passando e tratar da maneira certa, com humildade e perseverança.

Tudo isto ainda é refletido hoje. Finalmente olho no espelho e consigo me reconhecer, mas ainda assim, todos os dias surgem coisas diferentes. Não me sinto inteira e nem tenho pressa para me sentir. Mas me sinto mais verdadeira e mais humana do que em todos os demais momentos de minha vida. Em 2018 eu me permiti quebrar tabus, regras, ritos. Eu me permiti ser alguém que eu sempre fui por debaixo dos panos, e alguém que eu nunca nem havia sido. Eu deixei de ser aquela menina tão correta, tão aceita, tão milimétricamente calculada. Eu me sinto uma grande bagunça agora, mas uma bagunça de carne, ossos, lágrimas e risos. Em 2019 só o que eu espero ser infintamente mais livre; correndo, nadando, respirando, viajando e amando (MUITO!).