sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O capitalismo contra a ordem natural das coisas

Sabe, eu sempre penso que nós temos facilidades específicas, mas que com algum esforço (as vezes pouco, as vezes muito) podemos fazer toda e qualquer coisa. Eu e o Mau até defendemos a teoria de que a única diferença entre um habilidoso para um não habilidoso (em qualquer área de atuação) é o intervalo de tempo em que os dois levarão para chegar num estagio realmente avançado, ou seja, se você é um excelente atleta, talvez você comece sua trajetória do nível 2, mas quando chegar no 9, que beira a perfeição, será igualmente difícil para todos, inclusive para aquele que começou do zero, ou seja, facilidade não vale nada e não passa de uma muleta para todas as nossas desculpas.

Por outro lado, eu vejo que há um grande prazer em iniciar uma atividade em que temos facilidade. Eu sempre gostei mais de dançar zouk do que salsa, aliás, eu sempre tive mais facilidade de dançar zouk do que salsa, pois o zouk tem muito mais a ver com a minha personalidade, pois é curvilíneo e explora o corpo, diferente da salsa que é mais métrica , controlada e ágil. Justamente por estas razões, sempre em que eu deveria optar por uma aula ou baile de ritmo especifico, o zouk ficava na frente e por consequência, me desenvolvi muito mais nele.

Assim, vemos um claro exemplo do quanto o fator facilidade não alterou diretamente a minha performance na atividade escolhida, mas contribuiu substancialmente para que ela obtivesse um melhor desenvolvimento.

O que quero dizer com isso não é se devemos dançar mais salsa ou zouk, mas quero transportar esta modo de viver para nossas vidas, mas o capitalismo não me permite!

Eu vejo o quanto cada profissão tem o seu valor e vejo que muitas vezes temos habilidades bastante especificas para desempenhar alguns papéis, mas nem toda profissão é considerada essencial, nem difícil e poucas recebem boa remuneração. Infelizmente alguns trabalhos são considerados intelectuais e outros não, mas EU, Cinthia, vejo a complexidade até nas áreas mais comuns.

Uma faxineira faz um trabalho difícil fisicamente, mas além disso ela precisa ser uma pessoa um pouco perfeccionista, pois trabalha com detalhes. Ela precisa ser bem observadora e de pensamento rápido, pois do contrário demoraria séculos para fazer uma boa limpeza. Mas o que vemos por aí? Uma categoria subdesenvolvida, em que as pessoas entram simplesmente por não terem instrução, e especialmente pela sociedade não gostar de realizar a atividade, delegando portanto para um terceiro, que se especializa nisto.

Já um engenheiro realiza um trabalho fácil fisicamente, mas pouco mais intelectual. Ele também deve ser minucioso e detalhista, mas nem sempre precisa ser ágil. Mas só porque o conhecimento dele está mais relacionado com as suas faculdades mentais ele recebe trilhões de vezes a mais do que a faxineira e esta profissão é premiada com um ataques elevadíssimo.

Seria o engenheiro mais inteligente do que a faxineira? Seria impossível que a faxineira conseguisse se tornar uma engenheira, mesmo sem facilidade? Seria possível o engenheiro conseguir realizar uma boa limpeza (rápida e eficaz) em sua própria casa? Qual dos dois seria realmente mais difícil e qual das profissões é realmente mais importante?

Com todos estes pensamentos eu simplesmente reforço a idéia de que somos todos iguais, mesmo que você se sinta melhor. Que todas as profissões deveriam ser escolhidas com base nos critérios das habilidades naturais e também nas VONTADES naturais. Que a remuneração avantajada para áreas especificas faz o conceito do que é melhor para você mudar tão completamente que é comum vermos as crises de meia idade serem despertadas em pessoas que já garantiram o seu patrimônio, mas ainda não descobriram nem para o que tem mais habilidade e nem o que gostariam de ser.

É... É o capitalismo plantando suas enfermidades e enchendo a nossa vida de duvidas e fantasmas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gosto muito de política e dessa relação do homem com a sociedade e seu trabalho, por isso achei interessante esse seu post. Acredito que chega a ser irônico a forma como a sociedade trata as diferentes profissões hoje em dia, são idéias que foram tomando uma forma há anos atrás, e que ficaram arraigadas ao nosso mundo contemporâneo, acredito também que apesar de termos atividades de diferentes complexidades a questão da oferta e da demanda no mercado, ou seja do que a sociedade REALMENTE QUER seja de grande influência para determinar o valor dado a cada profissão, além de fatores como você citou, de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana. Eu sou de direita e capitalista, tenho minhas idéias que não cabe eu argumentar aqui, porém te encaminho um link de um texto bem interessante para leitura, chama-se "O DISCURSO DO DINHEIRO" por Ayn Rand.


http://blex.com.br/index.php/2009/analise/583