sexta-feira, 16 de maio de 2008

Alpha 1

Todos os dias, quando estou indo trabalhar eu passo em frente ao 1, um Residencial de Alphaville. E mesmo que eu não queira, quando eu olho para os portões do condomínio, é inevitável me lembrar do Pablo. Ele morava no 9, mas para mim é tudo bem parecido...

Eu conheci o Pablo há quase 5 anos atrás, na praia, enquanto um bêbado mais bêbado do que ele ficava se pendurando no garoto... rs Os amigos dele me apresentaram-no. Lindo, com os olhos verdadeiros, gago, com tique e com o papo mais engraçado e maluco que eu já tinha levado na vida. Depois ele me ligou, mais bêbado ainda, às 4 horas da manhã, me perguntando se eu estava dormindo! hahaha Obviamente eu já estava no décimo sono, mas pra mim tanto fazia, pq estar com ele e conversar com ele era simplesmente maravilhoso.

Foi o Pablo que me apresentou Alphaville. E foi ele que me incentivou a fazer Mackenzie. Por culpa do Pablo, hj eu atravesso a cidade para trabalhar e estudar. Por culpa dele, eu descobri um novo mundo, um novo estilo de vida e aprendi muitas, mas muitas coisas.

Faz uns 6 meses que o Pablo morreu, e infelizmente já fazia um tempo que a gente não se via. Eu sinto falta dele, dos papos repetidos no telefone, das idas a Alpha, dos hot-dogs na 25 de Março, das risadas, do sol nascendo na praia do centro, do jeito meigo que ele sempre tinha comigo, dos tiques... rs Eu não chorei nenhuma vez desde que soube que ele havia falecido, pq pra mim não parece que ele morreu, parece só que não dá mais pra gente se ver. Mas eu guardo dele as melhores lembranças, cheias de saudades, especialmente de manhã, quando passo em frente ao 1.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cin,
Talvez esse poema de Drummond descreva tudo que quer dizer...


A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Acho que isso diz bem, as mesmas coisas que quer dizer. Mas saiba que de tudo, o importante foram as coisas boas que ficaram. E isso jamais se apaga.

Bjo